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Entrevista com as professoras mais Traquinas!

Atualizado: 8 de fev. de 2022

Por Francielle Rezende


A Rádio Traquinagem foi reformulada para ser um podcast baseado em temas transversais para auxiliar as escolas e as (os) professoras (es) enquanto material de apoio. Tem uma parceria mais direcionada com as Escolas Estaduais Francisco Escobar e Tamm Bias Fortes. Também tem parceria com a Secretaria Municipal de Educação, fomentando o projeto nos CEI (Centro de Educação Integrada), Escolas de Educação Integral e inicia com o acompanhamento dos PMJ (Programa Municipal da Juventude). Além disso, conta com muitas outras inscrições de professoras (es) interessadas (os) em inovar as suas práticas, desde a Educação Infantil até o sétimo ano do Ensino Fundamental, sendo a maioria poços caldense, mas atende também várias escolas da região e ainda Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP) e João Pessoa (PB), entre outras. Hoje atende mais de 250 professoras (es).


Temas tranversais mais votados pela professoras através do formulário de inscrição Projeto

Acontece que durante o mês de setembro, a equipe da Rádio Traquinagem entrevistou seis professoras envolvidíssimas com o Projeto. São profissionais de diferentes unidades aqui de Poços de Caldas (MG), que trabalham com diferentes faixas etárias. As conversas atingiram níveis elevados de discussão sobre os desafios do ensino híbrido, a dificuldade de escuta ativa dos estudantes, interdisciplinaridade, planejamento flexível e a potência do nosso material em estimular relações mais harmônicas entre os estudantes.


Nas estratégias de ensino aprendizagem, a maior dificuldade apontada foi envolver os estudantes no ensino remoto, principalmente porque nas escolas públicas muitos estudantes não têm acesso às plataformas síncronas, o que significa que o conteúdo é produzido e disponibilizado online, mas os estudantes não acompanham em tempo real. Sobre os episódios serem entregues às professoras através do WhatsApp, Fabiana Ribeiro — professora no Quinto Ano do Ensino Fundamental na Escola Estadual Dona Francisca Tamm Bias Fortes — comentou:


A gente sabe que o Whatsapp não é uma ferramenta educativa, a gente sabe disso, mas é a ferramenta que a gente consegue comunicar com o aluno porque é o único aplicativo que ele tem no celular [...] Então a mensagem chega. O podcast chega. A gente usa o Google Sala de Aula, mas tem família que a gente só alcança pelo Whats mesmo.

A exclusão digital infelizmente é uma realidade em nosso país, em nossa cidade. É admirável o desdobramento dos professores para atingir os estudantes diante desta falta de recursos.


Outra observação importante, foi o consenso entre as professoras entrevistadas sobre a importância do podcast no desenvolvimento dos estudantes quanto à habilidade de escuta ativa, que diz respeito a ouvir efetivamente o outro atentando e refletindo sobre o significado da mensagem. Neste sentido, a professora Marcelle Móras — no Ensino Infantil (5 e 6 anos) na CEI Municipal Professor Juemil Lorenzotti — refletiu sobre o projeto após citar o envolvimento de uma estudante:

Eu acho uma proposta muito importante, inclusive, porque trabalha essa questão da audição, tirar um pouco desse super estímulo visual que afeta muito as crianças, e os adultos, né?! Até a questão da ansiedade, de querer este estímulo visual o tempo todo... Então a hora que a gente consegue que a criança escute essa história, interprete e ainda interaja com ela, quer dizer que está funcionando, é uma coisa muito positiva.

Acredito que vale a pena a gente ressaltar que a criança, ao desenvolver a prática da escuta ativa para um podcast – pelo caráter brincante das apresentadoras, de uma boa história literária e a sonoplastia – também poderá se tornar capaz de usar e demonstrar esta habilidade em outros contextos de conhecimento, de valores pessoais, atitudes e intenções. Indo de encontro com essa reflexão, a professora Mariane Martins — da sala multisseriada de 1º, 2º e 3º ano do Ensino Fundamental na Escola Lumiar — comentou que:


São habilidades que precisamos trabalhar com eles (estudantes), principalmente essa questão do ouvir, de conseguir imaginar ouvindo e de também criar essas histórias, eles vão criando a própria imagem na cabeça. Parar, ouvir e construir a imagem. E isso é importante para a fase alfabetização, né, no sentido de que eles iniciam em uma leitura que não tem apoio de imagem.

Professora Mariane Martins em entrevista com a equipe da Rádio Traquinagem

Mudando de assunto, ou melhor, mudando de consenso, todas as professoras entrevistadas comentaram a diferença que a presença de um apresentadora mirim faz para os (as) estudantes, a professora — do Ensino Infantil (3 anos) da CEI Municipal Bem Te Vi, que atualmente trabalha na SME — Laura Regina Sangiorato Moraes, resumiu satisfatoriamente essas avaliações do podcast:


Proporcionam para as crianças a experiência dos sentimentos e de identificação pelo fato de ter uma apresentadora mirim.

Aqui podemos entender a importância das crianças de se identificarem com uma referência de idade equivalente, pois de uma forma prática lhes comunica que uma criança é um sujeito ativo, capaz de atuar com e no mundo.


Vamos falar sobre os planos de aula da Rádio Traquinagem? Bom, aqui vamos encontrar opiniões bastante diferenciadas entre as professoras. A Mariane Martins achou a proposta compatível à sua demanda:


O plano de aula tem um olhar mais interdisciplinar, não só para a questão conteúdista, mas um olhar mais humano, sabe... Para o que está acontecendo, para uma visão de mundo de um jeito mais reflexivo, mais carinhoso, mais cuidadoso! As perguntas do plano de aula, suas variedades e os objetivos das perguntas, (é uma estratégia que) facilita e acaba me norteando para outras questões que eu tenho trabalhado em sala de aula.

Em contra ponto, a Professora Laura Regina Sangiorato Moraes, afirma que:


Na unidade as professoras e eu fizemos um projeto próprio, com atividades condizentes com a realidade dos alunos.

O plano de aula da Rádio Traquinagem sempre teve como principal objetivo, inspirar as professoras. Conforme a Mariane colocou, ele tem um caráter crítico-reflexivo, dentro de uma lógica humana, acolhedora e lúdica. Porém ele não é obrigatório a nenhuma professora que recebe o material, e é sempre apresentado como uma estrutura flexível e com o convite ao ressignificar, inovar e até mesmo, como foi a necessidade da Laura, abandonar e propor algo completamente novo inspirado no episódio que se deseja trabalhar.


Ainda temos as outras professoras, que mesclaram ideias do plano da Rádio, com demandas ou interesses específicos de cada Turma como a Clicia Dalla Rosa — professora no 3º ano do Ensino Fundamental na Escola Municipal Wilson Hedy Molinari — que comentou sobre a


Necessidade de adaptar o plano de aula sugerido pela Rádio e que, apesar de o objetivo muitas vezes ser o mesmo, algumas estratégias foram diferentes

Clícia iniciou o seu trabalho com o projeto da Rádio em agosto, no início da volta às aulas híbridas, em parceria com as professoras das outras duas turmas de terceiro ano que existem na Escola. Elas decidiram juntas os episódios serviriam prontamente à demandas de acolher os estudantes que estavam chegando ao ensino presencial tomados pelo medo:


Sabe o físico, quando você está com medo? É isso! Eles nem moviam o pescoço, pareciam que estavam com torcicolo.

Também comentou que como estão trabalhando o “dia” e a “noite” como conteúdo de ciências do Terceiro Ano, a história trouxe a oportunidade de trabalhar a dimensão fictícia, à medida que trabalhavam a dimensão científica do fenômeno, mas que nem sempre associa os episódios ao conteúdos, entendendo a importância do ouvir atentamente a história ser o objetivo em si.


É interessante ressaltar a potência da história para criar uma atmosfera segura para trabalhar temas mais complexos, que expõe as nossas fragilidades, mas ao mesmo tempo nos valoriza enquanto indivíduo e nos fortalece enquanto grupo. E é nesse clima que você vai descobrir os episódios que mais emocionaram as professoras entrevistadas...


São eles: o episódio #3: “Mil e uma Estrelas” e episódio #4: “O menino só”, e para justificar essas escolhas, aí vai o relato da Dayane Andrade — professora na Escola Estadual Francisco Escobar.


Na correria do dia, vamos deixando de lado coisas importantes, deixamos de valorizar nossos sentimentos e medos! Deixamos de nos colocar no lugar do outro, e esses podcasts nos proporcionam um momento para refletir, olhar para dentro de nós mesmos.


É incrível observar como essas profissionais se conectam através do podcast e do contexto educacional de Poços de Caldas. Muitas vezes repetiram ou completaram frases sem ao menos se darem conta da existência umas das outras. Assim como relataram particularidades que as tornam especialmente únicas! Os (as) estudantes estão sempre presentes em suas falas e são citados (as) com sorrisos, suspiros e olhares vívidos, brilhantes!


A equipe da Rádio Traquinagem agradece a parceria de vocês e tantas outras professoras e professores que dão vida ao projeto e que são o caminho até às crianças. E deixa aqui muito respeito e admiração por cada um, por cada uma!


E como dizem as apresentadoras Leila e Liss, um big-beijo e tcha-au!


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